Nós do Núcleo de Estudos de História
Oral – NEHO-USP, Núcleo de Estudos Históricos e Literários – NEHLI-IFRO, Núcleo
de Estudos em Tecnologia e Educação – GET-IFRO e Sinasefe Porto Velho tomamos
conhecimento sobre a história do Povo Indígena Kaiowá por meio do livro “Canto
de morte Kaiowá”, resultado de um processo de trabalhos em colaboração por meio
da história oral, realizado por pesquisadores do NEHO.
Nesse sentido, diante da carta que os
Guarani Kaiowá compartilharam via internet colocando a sociedade nacional e
internacional à par da situação limite em que vivem, declarando que não sairão
do seu território tradicional mesmo com ordem judicial, fez nos relacionar essa
situação ao processo de morte que eles vêm sofrendo ao longo da história, desde
o contato com a sociedade não indígena e invasão de seus territórios que os
levou a decidirem coletivamente a retomar o Tekoha, uma
luta antiga que tem custado a vida de muitos da etnia.
Em nossos trabalhos defendemos
o direito de todos poderem manifestar suas demandas de maneira livre e de construírem
relações de pertencimento que
garantam a possibilidade de viver com dignidade, cidadania e autonomia.
Por isso, apoiamos a
luta dos povos indígenas na retomada e defesa de seus territórios decidimos
expressar publicamente nosso apoio aos Guarani Kaiowá em sua luta, bem como,
trazer presente nesta carta alguns trechos da narrativa do Capitão Ireno
construída em colaboração no processo de efetivação de história oral realizada
na reserva Francisco Horta Barbosa em 1991, que foi impulsionado pela urgência
de chamar a atenção para os direitos humanos desse Povo.
Por meio da narrativa do Capitão
Ireno podemos entender quem são os Kaiowá e os Guarani:
- “Somos filhos de Ñhanderú e Ñhandesi
e Ñhanderamouse é nosso protetor... é o protetor da mata... Kaiowá quer dizer
filho da floresta, da madeira, da mata... Kaiowá é a natureza... protegido de
Ñhanderamose... em Guarani a gente fala txe-dija-ri”...
- “Os índios sempre viveram bem entre
si... índio Kaiowá sempre combinou com outros Kaiowá, nunca havia briga, nunca,
nunca, nunca... Os Guarani são parentes dos Kaiowá... Guarani e Kaiowá são
irmãos”...
Os Guarani Ñandeva, (conforme a denominação
apresentada no site “Povos Indígenas no
Brasil”: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/guarani-nandeva/1298
) denominam os lugares que ocupam de tekoha, que representa o lugar físico –
terra, mato, campo, águas, animais plantas, remédios etc., onde se realiza o
teko, o “modo de ser”, o estado de vida guarani.
O sentido do tekoha
funde-se com o ser Kaiowá (Guarani Kaiowá) o que
muda toda a relação com a terra. Eles não são da terra... Eles são a própria
terra. Tirá-los do tekoa
é tirar suas próprias vidas. Não podemos ser indiferentes a esse processo de
mortes dos Povos Indígenas causados pela omissão do Estado
e da sociedade.
Aquele
primeiro trabalho
possibilitou o contato com este Povo
Indígena e com o que ele tinha a
dizer sobre si mesmo, mas também reforçou
em nós o compromisso de ouvir e tornar públicas suas reivindicações.
Sendo assim, nosso grupo de
pesquisadores decidiu se posicionar e
manifestar apoio aos povos indígenas que
como os Kaiowá fazem de sua vida um ato de resistência. No momento, é central que os Guarani Kaiowá possam retomar sua terra
para que possam retomar sua própria
vida.
Pesquisadores
do Núcleo de Estudos em História Oral, Universidade de São Paulo.
Pesquisadores do Núcleo de
Estudos Históricos e Literários, NEHLI/IFRO;
Pesquisadores do Grupo de
Estudo em Educação e Tecnologia, GET/IFRO;
Trabalhadores do SINASEFE –
RO;
São Paulo,
09 de novembro de 2012.
Porto Velho, 09 de novembro de 2012
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